Como nosso cérebro aprende: desmistificando a mente humana

Desde o nascimento até agora, você está aprendendo. Ainda muito cedo, você aprendeu a andar e a falar; aprendeu a se relacionar com as pessoas e interagir com o mundo ao redor.

Alguns conteúdos foram ensinados formalmente em instituições de ensino. Outros você sequer lembra de ter aprendido. Você simplesmente sabe. Alguns conhecimentos parecem ser inerentes aos humanos, como se já nascêssemos com eles.

Isso porque o ser humano aprende de diversas formas, como explicarei neste artigo.

A mente humana é complexa e, embora a ciência tenha evoluído muito em relação aos estudos nesta área, continuam a existir vários mitos sobre o funcionamento do cérebro.

Por exemplo, você já ouviu por aí que usamos apenas 10% da capacidade do nosso cérebro?

Ou então que algumas coisas, como línguas, somente podem ser aprendidas até os 3 anos de idade?

Será que isso é verdade?

É o que você vai descobrir neste artigo! Leia e entenda como o nosso cérebro aprende e descubra a verdade em relação aos mitos sobre a mente humana!

Como nosso cérebro aprende
Pirâmide de aprendizagem
Funções do cérebro
Mitos sobre o cérebro: os neuromitos
Usamos apenas 10% do nosso cérebro
Há coisas que só aprendemos até os 3 anos de idade.
O teste de QI é a única maneira de medir a inteligência de alguém
É possível obter novas habilidades durante o sono
Os hemisférios são independentes e determinam a personalidade

Como nosso cérebro aprende

A anatomia dos cérebros humanos, em geral, é muito parecida. A maioria de nós nasce com a quantidade de neurônios praticamente completa.

Neurônio é a célula do Sistema Nervoso responsável pela condução do impulso nervoso. Um ser humano tem, em média, cerca de 86 bilhões de neurônios no seu sistema nervoso.

Ilustração de um neurônio
Neurônio e sinapses (Fonte: Biologia Net)

Os neurônios estabelecem ligação uns com os outros e formam sinapses, que se constituem em circuitos neurais.

Esses circuitos são conexões que permitem a regulação de funções autonômicas (sem nosso controle voluntário), como a respiração e os batimentos cardíacos.

Durante toda a vida de um indivíduo, os circuitos neurais continuam se desenvolvendo. Isso porque os neurônios estão sempre testando novas conexões. As que funcionam permanecem, as que não funcionam são desfeitas.

O critério para definir o que fica e o que vai embora é a quantidade de uso da informação. Quando usada repetidamente, uma conexão tende a se tornar permanente.

Por isso é comum que sejam esquecidas coisas aprendidas há muito tempo e nunca colocadas em prática.

Desse raciocínio entende-se a importância que a prática tem para o aprendizado. Segundo estudiosos, o ser humano absorve mais conhecimento quando debate, pratica ou ensina o assunto.

Confira a Teoria da Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser.

Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser

Segundo a Pirâmide de Aprendizagem, metodologias passivas (como ler e escutar) trazem menos resultado do que as metodologias ativas e interativas (como discutir e ensinar a alguém).

Segundo Glasser, a porcentagem de assimilação de informação é maior quando você interage de algum modo com o conteúdo. Veja na imagem:

Ilustração de como nosso cérebro aprende (95% ensinando contra 10% lendo)
Como nosso cérebro aprende.

Ainda que os dados desse estudo comportem críticas, ele representa bem a percepção que todos temos sobre nossos próprios processos de aprendizagem. Ou você não é do time que aprende melhor fazendo algo?

Funções do cérebro

Se o coração é o motor do nosso corpo, o cérebro é a sala de controle que comanda, inclusive, o funcionamento do batimento involuntário do nosso motor.

Mas afinal, o que é o cérebro? O cérebro é um músculo?

O cérebro não é um músculo! Ele não é composto de miócitos, como os músculos, mas de milhões de neurônios interconectados. As funções do cérebro são:

  • Recepção das informações recebidas pelos seus sentidos.
  • Armazenamento e retenção das informações, acessando-as em larga escala.
  • Análise dos padrões e organização das informações de modo que façam sentido.
  • Saída das informações (pensamentos ou ações).

Dinâmico e capaz de efetuar diversas tarefas ao mesmo tempo, enquanto você está lendo esse artigo, além de estar aprendendo, seu cérebro também está medindo sua pressão, corrente sanguínea e batimentos cardíacos, e ainda está atento ao seu contexto de ambiente.

Agora que você sabe como nosso cérebro aprende e conhece suas funções, chegou a hora de conhecer os mitos sobre ele que circulam por aí.

Mitos sobre o cérebro: os neuromitos

O aumento de estudos na área das neurociências despertou o interesse de muita gente.

Isso acabou fazendo com que muitos conhecimentos e resultados de pesquisas fossem descontextualizados ou mal interpretados, dando origem ao que chamou-se de neuromitos.

Todos os neuromitos têm base científica real, mas as informações foram deturpadas ou a atenção foi dada a apenas um aspecto muito específico.

Conheça agora alguns dos mais famosos:

Usamos apenas 10% do nosso cérebro

Talvez o mais conhecido dos neuromitos, ele é divulgado até por educadores, publicitários, psicólogos e a lista não acaba por aqui.

Segundo esse mito, o ser humano usa apenas 10% do cérebro. Ainda, seria possível aumentar esse percentual por meio de técnicas de treinamento ou aprendizado, uma vez que os outros 90% estão livres e sem uso.

Mas na verdade, o que se sabe de fato é que o cérebro é um órgão muito poderoso e que, devido à sua funcionalidade, não pode ser 100% usado. No entanto, não há pesquisas que fundamentem o percentual médio dessa utilização.

Há coisas só que aprendemos até os 3 anos de idade

E depois não tem mais jeito! Quem nunca ouviu isso?

A verdade é que, realmente, é cientificamente comprovado que a partir do terceiro ano de vida normalmente acontece uma redução no número de sinapses, ou seja, das conexões entre os neurônios.

Todavia, isso não significa que a capacidade de aprender deixar de existir.

Como é nessa faixa etária, por volta dos 3 anos, que iniciamos o contato com atividades do dia a dia, como andar, falar e comer sozinho, trata-se de um período propício para o estímulo do aprendizado. Por isso aprender uma nova língua nesta idade é mais fácil.

O que não quer dizer que seja impossível aprender em outras idades. Talvez seja apenas um pouco mais difícil.

O teste de QI é a única maneira de medir a inteligência de alguém

Outro neuromito é que o teste de QI é a única maneira de medir a inteligência de alguém.

Trata-se de um grande equívoco, pois de acordo com a teoria das inteligências múltiplas existem diversas inteligências, como a artística, a musical, a social e a linguística.

Uma vez que o teste de QI foca em somente algumas dessas vertentes, ela não pode medir toda a inteligência humana.

É possível obter novas habilidades durante o sono

Durante a década de 1900, vários especialistas se dedicaram a encontrar maneiras de aproveitar melhor o tempo de sono. Apesar dos esforços dispensados nesse estudo, nada se concretizou.

No estudo, as pessoas que participaram dos testes e escutaram conteúdos durante a noite, não apresentaram um melhor nível de conhecimentos e aplicação com o passar dos anos.

Depois disso, divulgou-se mais a importância do sono para fixar as informações e não incluir mais dados para serem absorvidos.

Os hemisférios cerebrais são independentes e determinam a personalidade

De acordo com esse neuromito, cada hemisfério do cérebro é responsável por certos processos e ambos funcionam de forma independente. Ainda, um deles seria dominante, determinando as características e até a personalidade das pessoas.

O hemisfério direito seria o do pensamento mais global, artístico, sensorial e despreocupado. E o hemisfério esquerdo seria o cérebro analítico, responsável, preciso, estruturado e lógico.

Não é verdade. Os  dois hemisférios recebem informações de todos os tipos e as processam da mesma forma. Todas as informações são trabalhadas de maneira interconectada, a menos que haja um distúrbio orgânico.

Quanto ao fato de ser destro ou canhoto implicar o domínio de um hemisfério, isso é verdade, mas não tem nada a ver com o tipo de processamento ou com a personalidade da pessoa.

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