Tudo o que você já quis saber sobre o Quociente de Inteligência (QI)

Diversos estudos já tentaram explicar o que é a inteligência e se há maneiras de realmente mensurá-la.

Vários modelos de testes e pesquisas surgiram, mas talvez o mais famoso seja o Quociente de Inteligência, o QI.

Na sua família você é o primo inteligente que passou no concurso público com 10 anos de idade e ganha meio milhão de reais por dia?

Ou é aquele que precisa ouvir em toda reunião familiar como o seu primo é inteligente, “um gênio!” que arrumou o celular da avó em 5 minutos?

Muitas pessoas nascem com uma capacidade de inteligência muito grande e melhoram com o tempo, outros nascem com menos aptidão para a aprendizagem, mas com o tempo desenvolvem essa habilidade e se tornam adultos inteligentes.

Mas afinal, o que é a inteligência? Como medir uma coisa tão subjetiva?

Quem, afinal, é de fato inteligente?

Esses questionamentos tentam ser respondidos pelos testes de Quociente de Inteligência.

Quer entender o que é, como funciona e como você pode melhorar o seu QI.? Então leia esse artigo até o final e seja o primo “gênio” da família!

O que é o Quociente de Inteligência?

Segundo a Enciclopédia Britânica, a inteligência humana é "a qualidade mental que consiste nas habilidades de aprender com a experiência, adaptando-se a novas situações, compreendendo e gerenciando conceitos abstratos e o uso do conhecimento para manipular o próprio ambiente".

Quociente de Inteligência ou QI se refere a uma medida padronizada da capacidade cognitiva de uma pessoa, estipulada cientificamente a partir de testes.

Os testes de QI surgiram na China, no século V, porém só começaram a ganhar caráter científico a partir do século XX.

O pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet foi chamado pelo Ministério da Educação da França para desenvolver uma técnica ou programa que ajudasse na educação das crianças, que aprendiam em ritmos diferentes.

Ele tentou encontrar um meio de resolver essa diferença sem segregar as crianças que nasciam com uma capacidade de aprendizagem mais baixa.

Em conjunto com o psicólogo Théodore Simon, em 1905, foi criada a primeira escala de inteligência, conhecida como Binet-Simon.

Em 1916, um psicólogo chamado Lewis Terman, da Universidade de Stanford, aprimorou essa escala, que passou a ser chamada de Stanford-Binet.

O objetivo dessa escala era auxiliar estudantes que tivessem dificuldade de aprendizagem, a partir da identificação dos baixos resultados da análise proposta pelos testes.

"QI não é inteligência. É um indicador, um manifesto da inteligência que pode ser observado por meio dos testes", explica o professor do departamento de Psicologia do campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) José Aparecido da Silva.

A maioria dos testes padronizados, visando à mensuração da inteligência, baseia-se em um conjunto de tarefas, verbais ou não-verbais, em que são exigidos tipos particulares de comportamentos.

Esses testes buscam determinadas respostas diante de situações-problemas, que permitem verificar as habilidades e os tipos de relações que o indivíduo é capaz de estabelecer com o meio.

Mas afinal, o que é o QI de uma pessoa?

Resolver problemas matemáticos cabeludos, persuadir uma multidão, arrematar uma partida de xadrez, compor peças musicais ou criar uma obra arquitetônica que vire referência.

Não são tarefas impossíveis, mas o potencial de realizá-las aumenta conforme a pessoa demonstra ter uma inteligência em nível superior.

Mas como medir algo tão subjetivo?

Embora hoje o QI seja considerado insuficiente para determinar o nível de inteligência de um indivíduo, ele ainda é muito utilizado e bastante popular.

Algumas controvérsias cercam o conceito e a escala de QI, bem como os testes, mas muitas pesquisas e novidades interessantes também têm tratado desse tema, sempre tão atual no meio científico.

O nível de Quociente de Inteligência – QI de uma pessoa é determinado por um teste que contém perguntas aleatórias que vão desde questões matemáticas, raciocínio lógico até itens de vocábulos.

Os testes de inteligência são projetados para medir habilidades gerais para resolver problemas e entender certos conceitos.

Eles servem para medir se você consegue aplicar a capacidade de raciocínio, as habilidades que tem para resolver problemas, perceber as relações entre diferentes objetos e conceitos, bem como a capacidade de armazenar e recuperar informações.

De acordo com o número de pontuação é possível concluir diferentes subcategorias de inteligência.

Testes de QI só avaliam as inteligências linguística, lógico-matemática e, às vezes, a espacial”, afirma Howard Gardner, criador da teoria das inteligências múltiplas, em seu site. “São um indicativo razoavelmente correto de quem se sairá bem em uma escola do século passado”.

Em essência, o QI é a pontuação resultante de uma série de testes que devem determinar o alcance da inteligência de um indivíduo.

Em geral, nos referimos a isso como a qualificação de um questionário cujo objetivo é registrar as habilidades cognitivas de uma pessoa em comparação com a média do restante da população.

Os métodos para estimar o QI de uma pessoa são múltiplos e geralmente estão relacionados ao raciocínio lógico e matemático.

Por exemplo, para calcular o QI, são aplicadas sequências de números que devemos preencher, números ausentes que devemos concluir e outra série de exercícios lógico-dedutivos que devemos executar em um determinado período de tempo.

Agora que você sabe o que é o QI de uma pessoa, ficou curioso para descobrir o seu?

Como eu faço para descobrir o meu QI?

Existem diferentes tipos de testes para medir o QI, por isso você encontrará muitos exames diferentes na internet. Mas nem todos especificam se são validados por um especialista ou psicólogo.

A realização do teste por um profissional será a melhor maneira de conhecer o seu QI.

Se você já fez exame psicotécnico para tirar carteira de motorista, por exemplo, já passou por uma espécie de teste de QI.

A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) é o teste de QI mais conhecido no mundo, um dos mais renomados e mais confiáveis, aplicado por milhares de instituições.

Também existe um teste específico para menores de 16 anos, a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC IV).

Além do Wechsler, há uma série de testes de inteligência disponíveis no Brasil, mas é importante verificar se a avaliação escolhida por você conta com a aprovação do Conselho Federal de Psicologia.

Se você já se perguntou qual é o teste de QI mais confiável, saiba que são aqueles apoiados pelo CFP. Com base nessa premissa, pesquisamos e encontramos os seguintes testes:

  • Escala de Inteligência Wechsler;
  • Matrizes Avançadas de Raven;
  • Teste Conciso de Raciocínio (TCR);
  • Teste Matrizes de Viena (WMT);
  • Teste de Desenvolvimento do Raciocínio Indutivo (TDRI);
  • Teste de Raciocínio Inferencial (Manual RIn).

O Conselho Federal de Psicologia não garante a validade de nenhum dos testes psicológicos feitos pela Internet.

Mas se a sua curiosidade é enorme e você fizer o teste com consciência de que os testes da internet não podem ser levados tão a sério, pode tentar se divertir em algum desses sites abaixo:

Como é a escala de QI?

Esses testes de inteligência aplicam uma escala padronizada com uma pontuação de 100 como uma média generalizada.

Na grande maioria desses testes, uma pontuação equivalente a 90 e 110 é considerada padrão, comum ou normal, ou seja, um nível médio de inteligência.

Sendo assim, sabe o que significa um QI de 130 pontos?

Uma pontuação igual ou maior que 130 pontos indica inteligência surpreendente e excepcional, enquanto uma pontuação menor que 70 pontos pode indicar algum tipo de dificuldade intelectual.

Um resultado de mais de 160 indicará uma enorme inteligência, classificada como "gênio".

Obviamente, assim como seus testes anteriores, a idade é uma variante que é levada em consideração ao desenvolver as perguntas que as constituem.

Assim, por exemplo, as crianças são confrontadas com problemas e perguntas de acordo com o nível correspondente de desenvolvimento cognitivo que a média da idade apresenta.

Para que seja medida a inteligência a partir de algum teste de QI, utiliza-se a fórmula:

QI = 100 X IDADE MENTAL (IM)/ IDADE CRONOLÓGICA (IC)

Então qual é a média de QI por idade?

Essa resposta depende da Idade Mental. Mas tendo em vista que se utiliza a escala de classificação depois de aplicar a fórmula que já considera a idade cronológica e mental, você pode se guiar pela tabela abaixo, para todas as idades.

A Idade Mental é aquela em que a maior parte das pessoas na mesma faixa etária consegue solucionar um problema considerado mais difícil.

Ela é independente da Idade Cronológica, que indica o tempo de vida da pessoa, sua idade. Esta pode se situar acima ou abaixo da Idade Mental.

Deste modo, chega-se ao Quociente de Inteligência — razão entre a Idade Mental e a Cronológica, multiplicada por 100 para se evitar a utilização dos decimais.

Seguindo-se este indicador, é possível avaliar se uma criança é precoce ou se apresenta algum retardamento no aprendizado, por exemplo.

A tabela com a escala de classificação é:

  • Gênio: acima de 144 pontos;
  • Superdotado: de 130 a 144 pontos;
  • Acima da média: de 115 a 129 pontos;
  • Média alta: de 100 a 114 pontos;
  • Média baixa: de 85 a 99 pontos;
  • Abaixo da média: de 70 a 84 pontos;
  • Baixo: de 55 a 69 pontos;
  • Muito baixo: menos de 55 pontos.

Há pesquisas que apontam que 99,5% das pessoas possuem QI normal e apenas 0,5%  sofrem algum tipo de delimitação na capacidade mental ou são considerados gênios.

É importante ressaltar que não existe uma inteligência única e universal.

O que o QI demonstra é um conjunto de habilidades mentais, verbais e lógico-matemáticas que são relevantes para o contexto das sociedades globalizadas e urbanas.

É evidente que uma pessoa com um alto QI não será inteligente, necessariamente, para uma tribo indígena isolada na Amazônia, por exemplo.

A ligação entre cultura e inteligência

Este é um fator que deve ser sempre considerado em um teste de Quociente de Inteligência, mas que poucas pessoas sabem.

Com certeza a tribo indígena isolada na Amazônia conta com pessoas extremamente inteligentes, a maioria na média e algumas com dificuldades.

Mas se você aplicar para elas o mesmo teste que você aplicaria para uma criança britânica educada em um colégio tradicional, com certeza os resultados serão extremamente diferentes.

Se essa tribo produzisse um teste de QI baseado em seus conhecimentos e cultura, a maior parte dos indivíduos educados formalmente nas escolas teria um desempenho pífio.

Portanto, deve-se tornar relativa essa inteligência, já que os testes de QI exigem a existência de uma cultura mínima, ou pelo menos um entendimento do que deve ser executado durante o teste.

A definição de inteligência não é unânime.

"Alguns teóricos supõem que a inteligência seja fator único. Outros entendem que há vários", explica o já citado professor José Aparecido da Silva.

Autor do livro Inteligência Humana: Abordagens Biológicas e Cognitivas, o professor defende a ideia de que há uma inteligência geral, mas há outras teorias que tateiam o terreno do que é inteligência, dividindo-o em duas ou mais variáveis.

O QI, no entanto, foi um dos primeiros indicadores pensados para medir o intelecto individual e continua até hoje sendo o método mais popular.

A professora do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB), Denise de Souza Fleith, afirma que as atividades propostas avaliam a capacidade de resolução de uma pessoa.

Por isso, o nível das questões deve estar de acordo com a faixa etária de quem vai fazer o teste e com a cultura nacional ou local. "Não existe um teste que seja universal, que se aplique a qualquer idade. Alguns instrumentos podem ser inadequados", alerta Denise.

A partir de uma normalização de resultados, o QI tem um valor médio estabelecido em 100.

Desse número, estipula-se um desvio padrão de 15. Ou seja, a inteligência média está nos resultados que vão de 85 a 115.

É nessa faixa que estão, aproximadamente, 90% da população.

Abaixo desse valor, é sinal de que pode haver algum tipo de comprometimento intelectual.

Acima, estão aqueles que possuem um desenvolvimento cognitivo mais avançado. Se o resultado der mais de 130, o indivíduo pode ser considerado um superdotado — ou um gênio.

Inteligentes acima da média são apenas 2% da população mundial.

A aplicação dos testes geralmente tem um objetivo específico e não é feita de uma hora para outra.

Eles ainda podem ser úteis na hora de decidir pela aceleração ou não de um aluno — se ele está apto a pular de série ou entrar precocemente na escola ou universidade — e até em uma seleção de emprego.

Também podem ser utilizados de forma mais clínica, para ajudar a diagnosticar alguma dificuldade intelectual.

A Professora Denise de Souza Fleith frisa que o QI não é a única ferramenta nesses casos: ele é apenas um dos subsídios para que a decisão seja tomada, ou para que o diagnóstico seja concluído.

É por isso que a análise deve ser feita apenas por profissionais habilitados, como psicólogos.

O Quociente de Inteligência em números

Segundo a Mensa Brasil, a maior Sociedade de Alto QI do mundo, apenas 2% da população possui QI alto.

Gráfico azul mostra a porcentagem de pessoas com cada faixa de nota de Q.I.
Gráfico mostra a porcentagem de pessoas com cada faixa de nota de QI.

Figurar neste rol superexclusivo de gênios é um feito para poucos.

No Brasil, por exemplo, dentre as celebridades, temos o apresentador Jô Soares com QI 156 e o músico Roger Moreira, da banda Ultraje a Rigor, com QI 172.

Se compararmos em nível global, Steve Jobs, criador da Apple tem 140 de QI, o multibilionário Bill Gates tem QI 152.

Você já se perguntou qual o valor do QI de Einstein?

Einstein tinha QI de 160.

Stephen Hawking, o famoso cientista também tinha o QI de 160.

O que é SD em um teste de QI?

Essas pessoas com QI acima do normal podem ser identificadas como pessoas com altas habilidades ou superdotação: AH/SD.

E qual é a média do QI brasileiro?  

A média de QI do brasileiro é de 87. Esse é um número baixo, que demonstra como dentro do nosso país possuímos muitas pessoas com QI abaixo do normal.

Algumas pesquisas apontam que o QI do brasileiro pode estar diminuindo, o que é uma notícia preocupante, mas ainda não confirmada.

Os dados da pesquisa feita no Brasil foram compilados com base em dois estudos. Um deles foi conduzido pela professora Denise Ruschel Bandeira, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que encontrou uma queda de 0.04 pontos de QI por ano entre 1987 e 2005 em crianças de Porto Alegre.

O que significa ter o QI baixo?

De acordo com a Associação Americana para a Deficiência Mental e com a Organização Mundial de Saúde, o resultado do teste de QI traduz-se em 5 graus de deficiência intelectual:

a) Limite: quem tem apenas um ligeiro atraso de aprendizagem ou algumas dificuldades concretas, apresenta um QI entre 68 e 85.

b) Ligeiro: apresenta um mínimo atraso nas áreas perceptivo-motoras, podendo desenvolver aprendizagens sociais ou de comunicação e tem capacidade de adaptação e integração no mercado de trabalho. O seu QI varia entre 52 e 67.

c) Moderado: pode adquirir hábitos de autonomia pessoal e social, aprender a se comunicar pela linguagem verbal. Porém, apresenta dificuldades na expressão oral e na compreensão de convencionalismos sociais. Apresenta um desenvolvimento motor aceitável e tem possibilidade de adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos. Dificilmente chega a dominar técnicas de leitura, escrita e cálculo. O seu QI varia entre 36 e 51.

d) Severo: o seu nível de autonomia pessoal e social é muito baixo, necessita geralmente de proteção ou de ajuda. Por vezes tem problemas psicomotores significativos. Pode aprender algum sistema de comunicação, mas a linguagem verbal é difícil. Pode treinar para exercer algumas competências básicas e aprendizagem pré-tecnológicas muito simples. O seu QI varia entre 20 e 35.

e) Profundo: apresenta grandes problemas sensório-motores e de comunicação com o meio. Normalmente é uma pessoa dependente de outras pessoas para quase todas as funções e atividades, pois tem dificuldades físicas e intelectuais. Excepcionalmente terá autonomia para se deslocar e responder a treinos simples de auto-ajuda. O seu QI é inferior a 20.

Claro que apenas um teste de QI não é suficiente para diagnosticar qualquer problema, então se você ou alguém que você conhece fizer um teste e obtiver um resultado abaixo da média, procure um profissional competente para maiores esclarecimentos.

O que é uma pessoa com baixo QI? Aquela que não se saiu bem no teste porque tem as capacidades intelectuais comprometidas ou porque escolheu um teste inadequado para si... Entendeu o risco?

Qual é o maior QI do mundo?

O QI mais alto do mundo já registrado é da norte-americana Marilyn Vos Savant, que figura no Guinness Book por ter atingido 228 pontos no teste, o maior número já medido.

Foto da Marilyn Von Savant em frente à um fundo branco vestindo um blazer bege e usando brincos brancos, ela tem cabelos pretos e a pele bem clara.
Marilyn Vos Savant, dona do maior QI já registrado.

Savant nasceu em 1943, em St Louis, Missouri. Ela é escritora e possui uma coluna na revista estadunidense Parade, onde responde perguntas dos leitores acerca de matemática e ciência avançada.

Com 10 anos, Marilyn fez o primeiro teste de QI Stanford-Binet. Depois fez o Mega Test, que é um teste para quem tem QI acima de 145.

O Stanford-Binet dizia que o QI dela era de 228 enquanto o Mega Test apontava 186.

Com base nos resultados, especialistas chegaram à conclusão de que com 10 anos ela possuía capacidade mental de uma pessoa de 23 anos.

Apesar de seu QI que revelava super dotação, ela tinha uma educação normal e igual a de qualquer criança na época.

Marilyn chegou a afirmar que a medição do QI é algo complicado, já que a inteligência não é algo que pode ser mensurado com facilidade. Há diversos fatores e subjetividades que podem influenciar nesse tipo de medição.

Você ficou curioso para saber qual é o QI mais baixo do mundo? Nós também! Não conseguimos encontrar uma resposta para essa pergunta, mas se você souber nos mande uma mensagem ou deixe um comentário nesse post, vamos gostar muito da sua ajuda!  

O QI é hereditário?

Muitos se perguntam qual é o segredo para ter um QI elevado.

Seria o resultado de uma boa criação vinda dos pais? Ou então o hábito de estudar muito?

As comparações com seu primo inteligente que entrou na NASA com 10 anos são justas?

Muito se diz sobre a relação entre o quociente intelectual alto e os genes, já que existem casos de crianças muito pequenas que demonstram inteligência acima do normal.

Uma pesquisa conduzida em 2001 pelo professor Paul M. Thompson da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) demonstrou que ter parentes com QIs altos aumentam suas chances de também ter um quociente de inteligência elevado.

A partir de estudos com irmãos gêmeos idênticos e fraternos, percebeu-se que as áreas do cérebro referentes à linguagem e às habilidades cognitivas são bastante semelhantes, o que mostra que seu desenvolvimento cerebral e seu QI têm relações diretas com os genes.

Porém, outros estudos mostram que a relação entre genes e QI não é tão determinante.

De acordo com o livro Intelligence and How to Get It, do professor de psicologia da Universidade de Michigan, Richard Nisbett, no máximo 50% do QI elevado é consequência dos genes, ao contrário dos 80% que muitos cientistas costumavam defender.

O pesquisador conseguiu provar que o ambiente em que a criança vive influencia diretamente o seu nível de inteligência.

Tanto é que pesquisas atuais mostram que o QI das crianças vem diminuindo.

A “geração digital” é a primeira a ter o QI mais baixo do que seus pais.

O neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França e autor do livro “Fábrica de Cretinos Digitais” (em tradução livre) apresenta, com dados concretos e de forma conclusiva, como as telas estão afetando seriamente o desenvolvimento neural de crianças e jovens.

Ele afirma que o tempo de exposição às telas de televisão, tablets, smartphones e semelhantes faz com que as crianças parem de desenvolver a fala, a interpretação e o sistema motor.

“O que sabemos com certeza é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu QI. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de televisão ou videogame aumenta, o QI e o desenvolvimento cognitivo diminuem.”

Ele explica que mais tempo na frente de uma tela é menos tempo que a criança passa com a família aprendendo a se portar em sociedade. A superexposição à tecnologia atrapalha o sono, a concentração e leva ao sedentarismo.

“Atividades relacionadas à escola, trabalho intelectual, leitura, música, arte, esportes… todas têm um poder de estruturação e nutrição muito maior para o cérebro do que as telas.”

É claro que a revolução digital não é algo negativo, mas “esquecer” uma criança na frente de uma televisão o dia inteiro não é saudável.

A pesquisa aponta que, em média, crianças de até 2 anos passam cerca de três horas por dia na frente de uma tela.

São cerca de cinco horas para crianças de 8 anos e mais de sete horas para adolescentes.

O pesquisador afirma ainda que a nova geração não possui a “inteligência diferente” que alguns costumam afirmar:

“Vários estudos indicam que, ao contrário das crenças comuns, eles não são muito bons com computadores. Um relatório da União Europeia explica que a baixa competência digital impede a adoção de tecnologias educacionais nas escolas. Outros estudos também indicam que eles não são muito eficientes no processamento e entendimento da vasta quantidade de informações disponíveis na internet. Então, o que resta? Eles são obviamente bons para usar aplicativos digitais básicos, comprar produtos online, baixar músicas e filmes, etc. Para mim, essas crianças se assemelham às descritas por Aldous Huxley em seu famoso romance distópico Admirável Mundo Novo: atordoadas por entretenimento bobo, privadas de linguagem, incapazes de refletir sobre o mundo, mas felizes com sua sina.”

Podemos concluir então que, mais do que a genética ou a predisposição para a inteligência, o que define nosso QI é o nosso desenvolvimento durante a infância.

Eu posso aumentar o meu QI?

O QI pode aumentar ou diminuir de acordo com as suas experiências.

Essa mudança é especialmente comum entre adolescentes, segundo um estudo realizado pela University College London, publicado na revista Nature.

Em uma série de estudos feitos em 2004, com adolescentes com idades entre 12 e 16 anos, os pesquisadores analisaram, com o auxílio de estruturas de ressonância magnética, o cérebro desses adolescentes.

Eles também foram submetidos a testes de inteligência.

Depois de quatro anos, os testes foram refeitos e os cientistas constataram mudanças na estrutura cerebral e alterações no QI dos jovens. Em alguns casos, o valor havia aumentado, em outros, diminuído.

Em seu livro, Richard Nisbett cita mudanças de QI entre crianças.

Segundo o autor, crianças que nasceram órfãs aumentaram seu nível de QI após serem adotadas por famílias de classe média.

Além disso, crianças que estão há meses sem estudar caem na escala de QI, principalmente aquelas que não possuem o hábito da leitura.

Outro exemplo da importância do ambiente para a inteligência é um experimento realizado na Finlândia no final dos anos 70.

Educadores finlandeses propuseram um programa nas escolas que, ao invés de focar em notas altas e bons resultados, incentivava a autoanálise e a compreensão do relacionamento entre o aluno e o estudo.

Uma década depois, essas mesmas crianças se formaram com ótimos resultados e boas perspectivas para o futuro.

Dessa forma, tanto Nisbett quanto os pesquisadores finlandeses mostraram que, para ser inteligente, não é necessário apostar na loteria genética.

Com estratégias que reforçam a importância de um bom ambiente de estudos, os alunos poderão aproveitar mais o aprendizado e obter melhores resultados.

O que ajuda a aumentar o QI?

Primeiro temos que esclarecer que aumentar o QI não necessariamente vai tornar você mais inteligente.

Como dito anteriormente, a inteligência é muito subjetiva e um teste sozinho não é capaz de classificar ninguém em “gênio” ou “burro”.

Mas se você quer melhorar as capacidades do seu cérebro, isso pode ser feito e é até mesmo benéfico para sua saúde.

A boa notícia é que você não precisa necessariamente se debruçar em um livro ou se afundar em um caderno o tempo todo.

Existem várias formas de melhorar sua capacidade de raciocínio, sua capacidade de interpretação e a sua memória.

Não desanime se ouvir que só se eleva o QI enquanto criança ou adolescente. Embora seja mais difícil, adultos também conseguem melhorar suas capacidades.

O primeiro passo é incorporar a prática de exercícios físicos no seu dia a dia.

De acordo com uma pesquisa da Sahlgrenska Academy, na Suécia, jovens que praticam exercício físico regularmente têm o quociente intelectual mais alto e são mais propensos a fazer faculdade.

Os efeitos positivos são notados especialmente no pensamento lógico e na compreensão verbal. Estar em forma significa que, além de ter uma ótima capacidade pulmonar, seu cérebro recebe uma grande quantidade de oxigênio.

O estudo mostra ainda que se o exercício é praticado com regularidade entre os 15 e 18 anos, o desempenho cognitivo aumenta.

A isso se soma o fato de que foi comprovado que os indivíduos que estavam aptos fisicamente aos 18 anos eram mais propensos a ingressar no ensino superior e a obter empregos de sucesso.

Além do exercício físico, separe um tempo todos os dias para ler e adquirir novos conhecimentos.

De acordo com o autor Pierluigi Piazzi em sua série de livros “Aprendendo Inteligência”, é possível aumentar o QI lendo MUITO.

Inclusive a Mensa Brasil oferece um prêmio de inovação na educação com o nome do autor, o que mostra que ele tem prestígio quando o assunto é aumentar o QI.

Então leia sempre, leia de tudo. Siga nossas dicas sobre como ler melhor, como estudar sempre e dedique-se ao máximo ao seu tempo de leitura.

Desafie o seu cérebro constantemente com jogos de memória, jogos de raciocínio, desafios físicos ou com provas (mesmo que de forma recreativa).

Pesquisas indicam que aprender a tocar um instrumento musical também é uma ótima forma de melhorar suas habilidades cognitivas.

Se praticado com frequência, o uso de um instrumento musical pode aumentar o QI do praticante em até sete pontos a longo prazo.

O segredo para melhorar seu QI é dedicação, leitura e estudo.

Agora que você sabe o que ajuda a aumentar o QI, por onde vai começar?

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